domingo, 11 de abril de 2010

FÉ NA RESSURREIÇÃO (João 20, 19-31)

As aparições do Senhor ressus¬citado transformam o medo dos primeiros discípulos em alegria. É que o Senhor deixa claro aos que sofrem com medo de sua ausência física que ele continua vivo junto aos seguidores. E mais: Filho de Deus redivivo, ele se manifesta como o centro do universo e da história e, por consequência, como centro da comunidade cristã.
Jesus transforma o medo em ale¬gria, desejando a paz aos seus. Mas a paz, esse dom de Deus, é também conquista humana que só se perse¬gue superando o medo, abrindo as portas para o mundo, assumindo riscos. E não por menos Jesus so¬pra sobre os discípulos, recriando a humanidade com o sopro divino de vida, tal como na criação do univer¬so. O Espírito enviado, desde então, continua a ser a força de Deus nas criaturas, impulsionando-as pela fé a continuar a missão do Mestre, mis¬são de paz e fraternidade.
Felicidade é acreditar em Jesus sem tê-lo visto. Mesmo sem tocar em Jesus, Tomé precisou ver para acreditar. E a quantas anda nossa fé? Jesus hoje nos proclamaria fe¬lizes por termos acreditado sem ter¬mos visto? Ou, em vez, andamos à busca de sinais para crer?
A ressurreição de Jesus nos torna criaturas novas. Temos a mesma missão do Mestre, e seu Espírito em nós nos faz capazes de acreditar no que ele fez e falou, para anunciar ao mundo seu amor. Acreditar em Jesus ressuscitado, portanto, é su¬perar o medo. É construir a paz na alegria, apesar dos sofrimentos. É não permitir que outros e outras coisas se tornem o centro de nossas vidas e comunidades.
Quanto realmente acreditamos em Jesus vivo em nosso meio e como demonstramos isso com a própria vida? Onde está nossa alegria, e qual paz estamos construindo como cristãos?
Jesus ressuscitado continua co¬nosco, garantindo-nos que a vida, e não a morte, tem a última palavra.
Pe. Paulo Bazaglia, SSP

ECOLOGIA E MISSÃO

" No princípio tudo era belo".
Deus, à medida que criava o mundo, via que este era bom (Gn 1,10.12.18.21.25). E a narrativa da criação conclui: "E Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom" (Gn 1,31). Sem de¬turpar o sentido bíblico, podemos acrescentar que "tudo era muito belo". O texto bíblico desmancha-se em literatura para descrever-nos a beleza do ato criador de Deus. Mal interpretada durante longo tempo como se fosse uma descrição cien¬tífica da criação, a narração bíblica havia perdido toda a sua poesia. Hoje sabemos que se trata de belís¬simo hino de louvor à grandeza de Deus, repleto de símbolos e alusões cujo significado se faz relevante e atual.
No centro da passagem bíblica não está a operosidade de Deus, mas o descanso sabático, que o judeu já cultivava e que no texto recebe belíssimo fundamento no próprio Deus. Tudo está a dizer-nos que a maravilha da criação existe, num primeiro momento, para ser con¬templada, rezada em forma de lou-vação. Brotou do gesto de um Deus que sai de seu mistério silencioso e eterno para derramar fora de si todas as coisas. Os salmos captaram melhor tal significado. Todo o Salmo 136(135) canta as maravilhas de Deus porque ele é bom, a começar pela criação: "Fez os céus com sa¬bedoria, porque eterno é seu amor!"
O paraíso terrestre transformou¬- se hoje para nós num lugar de saudade e de esperança. Éramos felizes num mundo de contemplação e não sabíamos. Hoje sonhamos de novo com a harmonia primordial depois de tantas quebras. Soa-nos forte o hino de são Francisco.
J.B. Libânio, sj

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