segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O tempo do advento e suas características

ADVENTO E SUAS CARCTERÍSTICAS

José

Ficheiro:Saint Joseph with the Infant Jesus by Guido Reni, c 1635.jpg
Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi".
José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.

A CELEBRAÇÃO DO ADVENTO
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.
 Os paramentos litúrgicos(casula, estola, dalmática, pluvial, cíngulo, etc) são de cor roxa, bem como o véu que recobre o ambão, a bolsa do corporal e o véu do cálice; como sinal de recolhimento e conversão em preparação para a festa do Natal. A única exceção é o terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete ou da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os altares são ornados com rosas cor-de-rosa. O nome de Domingo Gaudete refere-se à primeira palavra do intróito deste dia, que é tirado da segunda leitura que diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto"(Fl 4, 4). Também é chamado "Domingo mediano", por marcar a metade do Tempo do Advento, tendo anologia com o quarto domingo do Tempo da Quaresma, chamado Laetare.

SÍMBOLO DO ADVENTO
Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser, colocada ao lado do altar ou em qualquer outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo, brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.

A COROA DO ADVENTO
Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de Igrejas, de escolas e até de residências particulares. É impossível se imaginar os festejos de Advento sem a presença da referida e suas quatro velas queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos este “filme”.
As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos “sem eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua. Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A idéia era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.
Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa” que dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na referida casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana.
Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual nos preparamos para receber a visita que vem: Jesus Cristo!

A coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos:

A forma circular

O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma idéia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.

As ramas verdes

Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus, em sua primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança renovada, aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta. O ramos dos pinheiros permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos, assim como os cristãos devem manter fé e a esparança apesar das tribulações da vida. kevin willian

A fita vermelha

A fita e o laço vermelho que envolvem a grinalda simbolizam o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda criação que é remida com a chegada de Jesus.

As bolas

As bolas simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração de cada cristão.

As quatro velas

As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento. No início, vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a experiência de escuridão do pecado. A medida em que se vai aproximando o Natal, vamos ao passo das semanas do Advento, acendendo uma a uma as quatro velas representando assim a chegada, em meio de nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada. A primeira vela lembra o perdão concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros Patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A terceira lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. A quarta recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador.
As cores das velas do Advento são
Roxa, Roxa, Rosa e Roxa, podendo também serem adotadas velas com as seguintes cores: Roxa, Vermelha, Rosa e Verde ou até também Roxa Escura, Roxa Clara, Rosa e Branca.
Geralmente na Igreja Católica a cor das velas segue a cor das vestes litúrgicas do sacerdote[1], sendo assim, a cor roxa é usada no primeiro, segundo e quarto domingos do Advento simbolizando a conversão e penitência e, a cor rosa no terceiro domingo (Gaudete) simbolizando a alegria em meio à espectativa da chegada de Jesus.


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Papa expressa solidariedade à Igreja no Rio de Janeiro

   
Violência no contexto do confronto entre policiais e grupos de traficantes nas favelas
ROMA, segunda-feira, 29 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Bento XVI expressou sua solidariedade à Igreja e à população do Rio de Janeiro, diante do quadro de violência que assolou a cidade nos últimos dias, quando forças policiais e do exército enfrentaram grupos de traficantes em comunidades pobres.
 
Segundo informa a arquidiocese do Rio, na manhã desse domingo, o arcebispo Dom Orani João Tempesta recebeu um fax do núncio apostólico, Dom Lourenzo Baldisseri, transmitindo solidariedade do Papa.

O Santo Padre afirma que segue “com profunda mágoa os graves enfrentamentos e as violências destes dias no Rio de Janeiro, particularmente na comunidade ‘Vila Cruzeiro’".

O Papa assegura “a sua oração pelos mortos, como também pelas suas famílias, e pede aos responsáveis que ponham fim às desordens, enquanto os encoraja restabelecerem o respeito da Lei e do Bem Comum”.

O arcebispo do Rio de Janeiro afirmou a Radio Vaticano nesta segunda-feira que a cidade acolheu com agradecimento às palavras de apoio do Papa.

Segundo Dom Orani, agora que as forças de segurança ocuparam duas áreas difíceis e que antes eram dominadas pelo narcotráfico – Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão – a situação é mais tranquila.

O arcebispo afirmou que Igreja está próxima das pessoas que sofrem pela violência nessas regiões pobres. “Há padres e comunidades da Igreja que trabalham sempre pela evangelização. A Igreja é muito presente e próxima do povo”, disse.

Nesses dias de violência no Rio, em que a polícia e o exército avançam sobre territórios dominados por grupos de traficantes, ao menos 40 pessoas morreram nos confrontos, e 181 veículos foram queimados.



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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Igreja no Rio de Janeiro reza pelo fim da violência

Igreja no Rio de Janeiro reza pelo fim da
violência
Arcebispo preside vigília eucarística na noite deste sábado
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 26 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Diante
do quadro de violência no Rio de Janeiro, a Igreja local, neste sábado, dia 27,
vai apresentar a Deus seu clamor pela paz na cidade.
Nos últimos seis dias, o Rio já soma 41 mortos [dado desta sexta-feira], no
contexto de uma onda de ataques criminosos e a contrapartida da polícia e dos
militares. 96 veículos foram queimados desde o domingo.

Segundo informa a arquidiocese do Rio, o arcebispo Dom Orani João Tempesta
presidirá, das 22h até meia-noite, um momento de oração diante de Jesus
Eucarístico.
A Rádio Catedral FM 106,7 transmitirá ao vivo esse tempo de intercessão, que
reunirá todas as comunidades da arquidiocese junto de seu pastor para pedir a
intervenção de Deus para que cesse a violência no Estado.

A intenção é
reunir os fiéis pelas ondas da Rádio para que, em suas comunidades de origem –
onde os sacerdotes encerrarão o encontro dando bênçãos com o Santíssimo
Sacramento – ou mesmo em suas casas, todos façam das duas horas de oração um
intenso momento de intercessão pelo Rio de Janeiro.
Em artigo divulgado à imprensa nesta sexta-feira, Dom Orani afirma que a
arquidiocese do Rio “se une a todos os que passam pela tribulação e sofrem pelas
atuais inseguranças e dificuldades”.

“Sabemos que é necessário buscar o desenvolvimento social, o equilíbrio
cultural e fazer brotar valores dentro do coração humano. Sonhamos com um mundo
novo e temos certeza de que, com a graça de Deus, poderemos ir
construindo-o.”

Por isso – prossegue o arcebispo –, “é necessário, mais
uma vez, falar de Paz”. “É preciso, mais uma vez, fazer nascer nos corações de
todos os homens e mulheres de nossa querida cidade o anseio mais profundo de
todos os seres humanos: Paz”.

“É preciso que se ouça novamente na terra o
grito, o forte clamor aos homens de boa vontade”, afirma Dom Orani.

O arcebispo assinala que com o Advento, que se inicia agora “como tempo de
esperança”, e prepara para a próxima celebração do Natal de Jesus, “vem-nos o
forte clamor do senhor Deus pela voz do anjo que nos anuncia o nascimento do
Príncipe da Paz”.

“Precisamos ser homens e mulheres de esperança, que
acolhem a mensagem que nos chega da gruta de Belém: Deus ama todos os homens e
mulheres da Terra e lhes dá a esperança de um tempo novo, um tempo de paz.”

“Acolhido no mais íntimo do coração, esse Amor, que nos reconcilia
com Deus e com o próximo, faz nascer a Esperança da Paz. Ele torna também
possível a reconciliação, para que a Igreja, como alma desta cidade, anuncie e
testemunhe a alegre esperança de olhar para o futuro com confiança”, afirma Dom Orani.

O arcebispo roga a Deus que “ilumine a todos na busca da Paz para
o nosso querido povo desta cidade maravilhosa, para que o seja ainda mais. Que o
Senhor nos abençoe e nos guarde e faça reinar a paz em nossas fronteiras”.
(Alexandre Ribeiro)





terça-feira, 23 de novembro de 2010

Papa reafirma sua confiança nos novos cardeais

E lhes recomenda “escutar as distintas vozes” na Igreja


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Um cardeal não deve preocupar-se somente com sua Igreja particular, mas deve saber ampliar seu olhar a toda a Igreja universal. Foi a recomendação do Papa Bento XVI aos novos cardeais, recebidos em audiência ontem, junto com seus familiares e acompanhantes na Sala Paulo VI.


Numa mostra de afeto e apoio, Bento XVI quis saudar os 24 novos purpurados em seus respectivos idiomas, afirmando sua confiança neles e no trabalho que desempenharão a partir de agora.

“Confio muito em vocês, na sua oração e na sua preciosa ajuda”, disse o Papa, animando-os a seguir o “exemplo luminoso dos santos cardeais, intrépidos servidores da Igreja que, ao longo dos séculos, deram glória a Deus com o exercício heróico das virtudes e a tenaz fidelidade ao Evangelho”.

Invocando sobre eles a mártir Santa Cecília, cuja festa se celebrava ontem, relembrou seu compromisso “de ser atentos ouvintes das diversas vozes da Igreja, para tornar mais profunda a unidade dos corações”.

Aos cardeais italianos, cuja maioria já é membro da Cúria Romana, exortou a “perseverar fielmente em suas respectivas tarefas pelo bem do Evangelho e de todo o povo cristão”.

Aos de língua francesa, como o patriarca de Alexandria do Coptas, Antonios Naguib, e dos africanos, fez o convite a “estender o olhar às dimensões da Igreja universal” e a ser “testemunhas ardentes do Evangelho para voltar a dar ao mundo a esperança que necessita e para contribuir para o estabelecimento da paz e da fraternidade”.

Dirigindo-se aos cardeais de língua inglesa, disse que “os cardeais estão chamados a participar de uma forma especial da solicitude do Papa pela Igreja universal”.

Ao cumprimentar os de fala alemã, saudou especialmente o novo cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, salientando sua “importante tarefa ao serviço da Igreja Universal e do Papa na unidade dos cristãos”.

Em espanhol, o Papa felicitou os novos cardeais pedindo que “movidos por um amor intenso a Cristo e unidos em estreita comunhão com o Sucessor de Pedro, continuem servindo com fidelidade à Igreja”.

Relembrando a visita ao Brasil, Bento XVI dirigiu-se a Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, afirmando que a viagem ao país lhe concedeu “horas de íntima alegria e grande esperança eclesial”.

Ao cumprimentar o cardeal polonês Kazimierz Nycz, lembrou que a nomeação cardinalícia “obriga à solicitude já não só pela Igreja local, mas por toda a Igreja universal além da estreita colaboração com o Papa em seu ministério”.

“Luz do mundo”: Bento XVI responde ao homem de hoje

Publicado um livro-entrevista sobre o Papa, a Igreja e os sinais dos tempos


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - "O que você está fazendo comigo? Agora, a responsabilidade é sua. Você tem de me conduzir! Eu não posso. Se você me escolheu, então também tem de me ajudar."


Isso é o que Bento XVI pôde dizer ao Senhor, com simplicidade, no momento em que foi eleito Papa, segundo ele mesmo explica no livro-entrevista "Luz do mundo. O Papa, a Igreja e os sinais dos tempos", apresentado hoje no Vaticano.

Ao responder a cerca de 220 perguntas do jornalista alemão Peter Seewald, ao longo de 176 páginas, Bento XVI esclarece questões sobre os desafios da sociedade atual, a fé e a crise da Igreja.

Não faltam suas explicações simples e pedagógicas sobre questões controversas, como o caso Williamson, seu discurso em Ratisbona, os Legionários de Cristo e seu fundador, o uso do preservativo, a indissolubilidade do matrimônio, os homossexuais, suas modificações na liturgia, sua opinião sobre Pio XII, o celibato, o sacerdócio feminino, os nacionalismos, entre outros.


Como um papa reza?


O relato detalhado das suas experiências mais humanas como pontífice é uma das novidades do livro, fruto da terceira sessão de conversas concedidas ao jornalista alemão Peter Seewald, depois das duas anteriores, antes de ser eleito Papa, que foram traduzidas nos livros "O sal da terra" e "Deus e o mundo".

Bento XVI explica em primeira pessoa, por exemplo, como é sua relação pessoal com Deus. "A oração e o contato com Deus são agora mais necessários e também mais naturais e evidentes que antes", reconhece, e assegura que, em meio à sua intensa atividade, "acontece, sem dúvida, a experiência e a graça de estado".

"Também eu sou um simples mendigo frente a Deus, e mais que todas as demais pessoas - revela. É claro que rezo sempre em primeiríssimo lugar ao nosso Senhor, com quem tenho uma relação de tantos anos. Mas também invoco o Espírito Santo."

"Entro na comunhão dos santos - acrescenta. Com eles, fortalecido por eles, falo então também com Deus, sobretudo mendigando, mas também agradecendo ou simplesmente com alegria."

Sobre sua eleição como sucessor de João Paulo II, recorda: "Eu tinha certeza de que esse ministério não era o meu destino e que, depois de anos de grande esforço, Deus ia me conceder algo de paz e tranquilidade".

"Nesse momento, só pude dizer para mim mesmo e deixar claro: ao parecer, a vontade de Deus é outra, e começa algo totalmente diferente, novo para mim. Ele estará comigo", explica com humildade.

Bento XVI constata que a responsabilidade de um papa "é realmente gigantesca". Reconhece que percebe que suas forças vão decaindo, que "tudo isso exige demais de uma pessoa de 83 anos", mas destaca que, "graças a Deus, há muitos bons colaboradores".

Ao mesmo tempo, é consciente de que, para responder a todos os requerimentos, "é preciso ater-se com disciplina ao ritmo do dia e saber quando é preciso ter energia".

Em sua vida cotidiana, Bento XVI não pratica esportes; acompanha diariamente as notícias e às vezes também assiste a algum DVD com seus secretários. "Gostamos de ver Don Camillo e Peppone", explica. Também revela que, nos dias festivos, escutam música e batem papo.

Afirma não ter medo de um atentado e reconhece: "Poucas são as pessoas que têm tantos encontros, como eu. Sobretudo, são importantes para mim os encontros com os bispos do mundo inteiro".

Diz sentir-se reconfortado com as muitas cartas que recebe de pessoas simples que o incentivam, assim como presentes e visitas. "Sinto também o consolo 'do alto'; experimento a proximidade do Senhor na oração; e na leitura dos Padres da Igreja, vejo o esplendor da beleza da fé".

Com relação ao seu predecessor, Bento XVI afirma que se sabe "realmente um devedor seu que, com sua modesta figura, procura continuar o que João Paulo II fez como gigante. (...) Junto aos grandes, tem que haver também pequenos papas que ofereçam o pouco que têm", indica.

Renúncia ao papado


Nas conversas com Seewald, que aconteceram em Castel Gandolfo durante 6 dias do último mês de julho - uma hora por dia -, Bento XVI não fechou a porta à possibilidade de renúncia ao papado.


"É possível renunciar em um momento sereno, ou quando já não se é capaz - disse. Se o papa chega a reconhecer com clareza que física, psíquica e mentalmente já não pode suportar o peso do seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar."

Dos seus 5 anos de pontificado, destaca as viagens a diversos países, a celebração do Ano Paulino, do Ano Sacerdotal e os dois sínodos, sobretudo o da Palavra de Deus.

"Por outro lado, estão esses grandes períodos de escândalo e as feridas na Igreja", indica, mas afirma que elas "têm para nós uma força purificadora e, no final, podem ser elementos positivos".

Com transparência, o Papa também reconhece estar decepcionado com algumas realidades: "Decepcionado sobretudo por existir no mundo ocidental esse desgosto com a Igreja, pelo fato do secularismo continuar tornando-se autônomo, pelo desenvolvimento de formas nas quais os homens são afastados cada vez mais da fé, pela tendência geral da nossa época de continuar sendo oposta à Igreja".
Sincero e próximo


Outra das novidades de "Luz do mundo" é o estilo direto, cheio de liberdade, sinceridade e proximidade. "Nunca antes, na história da Igreja, um papa havia respondido com tanta franqueza às perguntas de um jornalista em uma entrevista direta e pessoal", indica a editora Herder, responsável pela edição espanhola.


Em referência ao título do livro-entrevista, Peter Seewald indica que, "quando se escuta o Papa dessa forma e se está sentado na frente dele, percebe-se não somente a precisão do seu pensamento e a esperança que provém da fé, mas também se torna visível, de forma especial, um esplendor da Luz do mundo, do rosto de Jesus Cristo, que quer ir ao encontro de cada ser humano e não exclui ninguém".

Colocar Deus no centro


"Luz do mundo" inclui também algumas das habituais análises de Bento XVI, claras e concisas, sobre a situação atual da Igreja e do mundo, com a identificação de numerosos problemas e a proposta de respostas e soluções.


"Poderiam ser mencionados muitos problemas que existem na atualidade e que é preciso resolver, mas todos eles só podem ser resolvidos quando se coloca Deus no centro, quando Deus volta a ser visível no mundo", destaca o Papa na entrevista.

Com relação à Igreja, ele garante que ela "vive". "Contemplada somente a partir da Europa, parece que se encontra em decadência - indica -, mas esta é somente uma parte do conjunto. Em outros continentes, ela cresce e vive, está repleta de dinamismo."

América Latina

O Papa oferece numerosas referências concretas de vários países. Com relação à América Latina, indica que, "definitivamente, duas são as figuras que fizeram os homens da América Latina crer: por um lado, a Mãe e, por outro, o Deus que sofre".


Finalmente, fala da simplicidade do cristianismo e afirma que, "em nosso racionalismo e frente ao poder das ditaduras emergentes, Ele nos mostra a humildade da Mãe, que aparece a crianças e lhes diz o essencial: fé, esperança, amor, penitência".

(Patricia Navas)

sábado, 13 de novembro de 2010

Tempo do Advento

Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu Reino!”. Entretanto, o Advento nos é dado como um tempo mais intenso para proclamarmos a vinda do Reino de Deus em nosso mundo e para nos prepararmos para a sua vinda.
Cremos que o Senhor vem, independentemente de nossa conversão. É justamente porque ele vem tão certo como a aurora, apressamo-nos em preparar a sua chegada, abrindo os nossos braços e indo ao seu encontro com toda a ternura do nosso coração, como a noiva ao encontro do seu amado.
Nas duas primeiras semanas do Advento, nossa atenção se volta para a vinda gloriosa do Senhor, no fi m dos tempos. A partir do dia 15 de dezembro, lembrando a espera dos profetas e de Maria, a mãe de Jesus, preparamos mais especialmente o Natal, quando celebramos a vinda do Senhor em meio a nossa humanidade, no mistério de seu nascimento e de sua manifestação a todos os povos.
Assim, o tempo do Advento estabelece em nós um ritmo de espera, marcado pela escuta da Palavra e pela alegria, pelo anseio de paz e pela comunhão com todos os que esperam a manifestação de Deus, pela sintonia com o universo, em dores de parto, a espera da Redenção. Gememos em nosso íntimo, esperando a libertação de nosso corpo (cf. Rm 8,22-23), movidos pelo sentimento que levava as antigas comunidades a invocarem: Maranathá! Vem, Senhor Jesus! (cf. Ap 22,20).
O caminho traçado pelo Papa para revalorizar a Palavra na Igreja


Indicações na exortação apostólica do Sínodo dos Bispos sobre o tema

Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 12 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Bento XVI publicou nessa quinta-feira a exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, que recolhe as conclusões da assembleia do Sínodo dos Bispos celebrada no Vaticano em outubro de 2008 com o objetivo de “revalorizar a Palavra divina na vida da Igreja”.

É o que confessa o próprio pontífice neste documento de cerca de 200 páginas, em que se apresentam e explicam as 55 “propostas” que surgiram daquela reunião eclesial centrada na “Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.

Na introdução, o Papa deixa muito claro seu objetivo: “Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a actividade eclesial.”

E esclarece os motivos: “Num mundo que frequentemente sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem «palavras de vida eterna». Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem actual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância” (n. 2).

Questões de fundo

A exortação apostólica constitui uma ajuda decisiva para superar muitos mal-entendidos entre termos como Bíblia, Escritura ou Palavra de Deus. Com clareza, como o fizeram os participantes no sínodo, sublinha que “apesar da fé cristã não ser uma «religião do Livro»: o cristianismo é a «religião da Palavra de Deus», não de «uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo»” (n. 7).

De fato – afirma – “é a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus” (n. 17).

Os que buscam respostas sobre o valor da Bíblia para a Igreja descobrirão na leitura do documento que “a Sagrada Escritura é «Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus». Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor” (n. 19).

Um dos argumentos que mais interesse suscitou no sínodo foi a interpretação ou exegese da Bíblia entre os acadêmicos.

O documento recorda aos exegetas crentes que “jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objectivo do seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra actual de Deus»” (n. 33).

Propostas

Esclarecidas as questões de fundo, que em ocasiões suscitaram debates acirrados entre teólogos e biblistas nas últimas décadas, o Papa passa a apresentar propostas concretas e sobretudo atuais, surgidas do Sínodo da Palavra.

Por exemplo, sublinha “a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecuménico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo”. Assim, impulsiona “a promoção das traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecuménico” (n. 46).

Aborda também a debatida questão das homilias – o sínodo constatou a falta de qualidade de muitas delas –, e pede que “os pregadores tenham familiaridade e contacto assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão” (n. 59).

Estas propostas do Papa chegam a tocar inclusive questões como a acústica das igrejas, para poder escutar com “maior atenção” a Palavra, assim como o canto litúrgico, que deve ter “uma clara inspiração bíblica” e expressar “a beleza da palavra divina”, recomendando em particular “o canto gregoriano” (n. 70).

O pontífice insiste na necessidade de “uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar activamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos” (n. 71).

Considera que a animação bíblica não é um apêndice na vida da Igreja, mas que é necessário voltar a dar o “posto central da Palavra de Deus”, através de uma “animação bíblica de toda a pastoral” (n. 73), em particular, na catequese, para que se converta em um “abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas” (n. 74).

Como era de esperar, propõe em várias ocasiões a leitura orante da Bíblia, conhecida como “Lectio Divina”, pois o Sínodo insistiu repetidamente nesta prática, que “é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva” (n. 87).

Uma sugestão do Papa é ir em peregrinação à Terra Santa, a qual qualifica, como o Sínodo, de “quinto Evangelho” e assinala que, para que os lugares santos não se tornem pedras mortas, “como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades (n. 89).

Nova evangelização

O documento, portanto, situa-se na trilha da nova evangelização, prioridade deste pontificado, pois “há muitos irmãos que são batizados mas não suficientemente evangelizados. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada” (n. 96).

Esta nova evangelização – afirma –, passa em boa parte pelo testemunho, pois a Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva" (n. 97).

Este testemunho deve tocar todas as dimensões da vida, incluindo o compromisso pela justiça (n. 100), a defesa dos direitos humanos (n. 101), a promoção da paz (n. 102), a salvaguarda da Criação – ecologia bíblica – (n. 108), a presença na internet para que na rede apareça “o rosto de Cristo” (n. 113) e o diálogo inter-religioso (n. 117).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Advento e seu significado

O Advento é um dos tempos do Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento caracteriza-se como período de preparação, como pode-se deduzir da própria palavra advento que origina-se do verbo latino advenire, que quer dizer chegar. Advento é tempo de espera d’Aquele que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira, celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos, quando Cristo vier em sua glória.
O tempo do Advento formou-se progressivamente a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI, quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões evangélicas, situadas ao norte do país. Nós, católicos, adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.

Na coroa, também são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade. Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro, onde o colorido lembra festa, dança e alegria.

Pe. Agnaldo Rogério dos Santos
Reitor dos Seminários Filosófico e Teológico
da Diocese de Piracicaba

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